Eu dei um fora quando me casei Com uma vedete Nem que chova canivete Ela tem que trabalhar E eu tenho de acompanhá-la sem fazer careta Até minha gravata borboleta já virou maiô Pra ela se rebolar E na primeira fila do teatro sempre tem Um coronel que é gente de bem E que no intervalo leva flor no camarim E às vezes me dá uma vontade de fazer asneira Mas tenho medo de estragar a carrerira Da minha mulher que é tudo para mim Eu já ganhei o prêmio que o jornal promove O Mais Sacrificado de 59 Me deram um diploma de bobão Vê que papelão Ganhei uma passagem de ida Sem direito a volta Enquanto isso o coronel se solta E no Brasil não há divórcio, não Mas vai haver! E na repartição eu sou escriturário Vou assinar e só assino otário Influência do apelido que botaram em mim Eu acho que o meu casamento foi uma cilada Mas é bem feito para um camarada Com dezoito anos não agir assim Tadinho de mim