Nas horas mortas da noite Que do mundo estamos ausentes É quando a voz do silêncio Fala bem dentro da gente Fala de longos caminhos De flores beirando os rios Que a gente pensa.: será Que tudo isto existiu? Fala de coisas que a gente Não sabe onde se esconde A gente vê, mas não sabe Se foi quando, como e onde E nesta divagação Da volta para o passado Quantas vezes despertamos Com o travesseiro molhado! É que nas noites de insônia Nosso amigo travesseiro Quando o mundo todo dorme Ele é o único companheiro Silêncio que só é quebrado Por raras vozes soturnas Por passos de alguém que passa Ou cantos de aves noturnas E pensamos.: Por que fui Fazer isto aquele dia? Ah! se eu voltasse ao passado Nunca mais isto eu faria São as garras da consciência Arranhando nossa alma Traumas que só aparecem Na sombra da noite calma E ouvimos a voz do silêncio dizer.: lembra aquele amigo? Já morreu – E tua mãe/ Há tempo não está contigo Todos se foram e ficaste Só vivendo na saudade A rolar entre dois mundos De ficção e verdade Por onde será que anda Aquele amigo de infância Aquela estrela que um dia Vi se perder na distância? E entre um mundo de sombras O pensamento se cansa E se perde esvoaçando No céu azul da lembrança Que bom quando o sono chega E a nossa mente enubece Nas visões se misturando Os vultos se desvanecem Coisas, infância, passado Amigos – tudo se esquece Sono, calma, esquecimento Silêncio, paz - adormece