Minha mãe tem olhos claros Como a aurora dos seus dias Tez da lua, branco raro o farol das melodias O vermelho das estradas as esquinas e segredos Os quintais, galos e noites Os seus rios, meus brinquedos Minha mãe me mostra a proa Nesses campos, nessas praças A preguiça, coisa boa Esse verde que me abraça Mas o doce dessa calma Vê meus olhos num sem fim Tão distante dessas águas Da sua Jurumirim Ah, minha mãe, viver é isso? Essa paz desatinada Horizonte tão à vista Essas linhas tão exatas Os meus anseios de artista Minha alma encilhada Só tem olhos para o mundo Querendo seguir estrada Meu amor tem olhos negros Da fuligem dos motores Um país em cada esquina Nos faróis, muitos amores Traz o brilho do perigo e o medo escancarado Pouco pra se ter apego, muito pra deixar de lado Meu amor não tem desculpas Pela falta de respeito Mas me ganha a cada dia Não se sabe de que jeito Vai correndo em minhas veias Como o mar das avenidas Invadindo com as cheias Dominando a minha vida Ah, meu amor, viver é isso Essa luz desenfreada O planeta à minha porta Tantas rotas e ciladas Mas meus anseios de artista Minha alma encilhada Correm para tanto mundo Seguindo tuas estradas