Na porteira da tapera tentei passar mas não pude Amarrado nas lembranças da distante juventude Relembrando minha infância que era cheia de alegria Onde vivi tão feliz mas pena que eu não sabia O pássaro cantou triste questionando meu regresso Parece que me avisando que eu não teria sucesso A nossa antiga morada cheia de amor e alegria Foi caindo no abandono é solitária e tão vazia Avistei entre a capoeira o antigo esteio do galpão Onde meu pai chimarreava em volta do fogo de chão Recanto abençoado cheio de paz e guarida Ali o velho aconselhava nos preparando pra vida Plantado lá na porteira preso ao laço da memória Lembrei das noites de Lua no terreiro muita história Tive a impressão de ver meu pai me fazendo escolta Acocorado na rua esperando a minha volta Eu vi o pé de roseira que minha velha mãe plantou No dia que fui embora foi onde ela me abraçou Também me falou chorando não te perda por aí E por toda minha vida estarei orando por ti Seus verdes e lindos olhos choraram na despedida Mostrando grande tristeza por eu estar de partida Se eu tivesse atendido o seu clamor de bondade Hoje aqui não estaria quase morto de saudade E nesse dia que eu voltei ao ponto de partida É um dia muito triste que marcou a minha vida O bem-te-vi que me viu de longe eu escutei Parece que perguntava por onde foi que eu andei Beijei o chão abençoado do lugar onde nasci E com o rosto molhado pela última vez eu saí Com o tempo que passou acabou a longa espera Eu nunca mais vou voltar na porteira da tapera