Já era noite quando me toquei da hora / por culpa dela nem vi o tempo passar Três léguas e meia, porra / eu tenho que ir embora Mas uma coisa ta dizendo pra eu ficar / voltar pra casa era mais que obrigação Se chegar tarde, nego vai comer na mão / meus pés descalços mal tratados pelo chão Já não aguentam mais viver nesse sertão Viver nesse sertão Segui meu rumo na piçarra lamacenta / só tinha a luz da lua pra me iluminar Na minha cabeça o personagem de uma lenda / me atormentava e me fazia recuar Saí correndo, o coração batia forte / e o cansaço já começava a dominar Sou cabra macho mas tenho medo da morte / e esse medo não me deixava parar Não me deixava parar Olhei pra trás e o bicho vinha me seguindo / e os passos comecei a apressar Vinha correndo e ao mesmo tempo sorrindo / e eu com medo que ele pudesse me alcançar E desse em diante eu comecei / acreditar no que eu sempre duvidei De que ele existe não duvide não / se liga agora na porrada do refrão Cuidado,ô caba, não num entre nesse mato / pois tu num sabe o que é que pode te encontrar Vovó sempre me dizia: mora um caipora lá!