Alô mãe, você sente minha falta? Por que eu também sinto falta de mim Alô mãe, canta que o corpo transpassa o tempo E nos faz resistir Deixei meu cocar no quadro Retrato falado, escrevo daqui Num apagamento histórico Me perguntam como eu cheguei aqui A verdade é que eu sempre estive Vou te contar uma história real Um a um morrendo desde os navios de Cabral Nós temos nomes, não somos números Pra me manter viva, preciso re-existir Dizem que não sou de verdade Que não deveria nem estar aqui O lugar onde vivo me apaga e me incrimina Me cala e me torna invisivel A arma de fogo superou a minha flecha Minha nudez se tornou escandalizacao Minha língua mantida no anonimato Kaê na mata, Aline na urbanização Mesmo vivendo na cidade Nos unimos por um ideal Na busca pelo direito Território ancestral Vou te contar uma história real Pindorama (território ancestral) Brasil (tekohaw tekohaw) Demarcação já! No território ancestral