Carrego o peso do berço que a vida me deu Entre sarjetas me refaço, enfrento o meu eu Descobri que chorar nunca foi fraqueza É só a alma limpando a dor na correnteza É na dor que encontro minha fortaleza Em silêncio traduzo minha natureza Cada queda é um novo degrau E no peito a coragem resiste, afinal Coração de ferro, alma de fogo Não me quebro fácil, nem caio no jogo Me forjei no tempo, na dor, na pressão Cada cicatriz é um verso, pura combustão Me feri no espinho, protegendo a flor Vesti com dor a armadura Combati ódio com amor Eu sigo firme, não uso disfarce E guardo por dentro o que sofri Mas não dou a outra face A vida é feita à faca de dois gumes E meu verso é chama que nunca se consome Caminho sem medo do que ainda vem Coração de ferro, não se dobra ninguém E se me perguntam: Dói? Digo que sim, mas não me destrói Cada lágrima vira um escudo Fui forjado num calor absurdo Coração de ferro, alma de fogo Das cinzas eu venho, renasço de novo Me criei no tempo, na dor, na razão Hoje sou verso, sou revolução Coração de ferro, alma de fogo Das cinzas eu venho, renasço de novo Me criei no tempo, na dor, na razão Hoje sou verso, sou revolução