Era só um menino sonhando no bairro Fazendo verso num caderno velho, com olhar visionário Enquanto uns vendiam promessas vazias Eu vendi esperança, praquela criança que brincava na praça, descalço e sozinha Me diziam: Cê sonha alto demais Mas nunca sonharam do lugar de onde eu vivia Onde o futuro custa caro demais E a fé é o escudo contra a covardia Já andei de chinelo rasgado na rua Hoje acelero, guiado pelas rimas que eu faço Mas não esqueço o pão dividido entre os irmão Nem da reza da minha mãe, baixinho no colchão Se hoje eu brilho, é porque aprendi na marra Vim do nada e garimpei minha própria barra O mundo tentou me deixar de lado Mas fiz da minha dor degrau pro meu legado Se hoje eu brilho é porque não desisti Aprendi que cada queda vira impulso pra subir Me disseram que era tarde demais Mas segui firme com as rimas grudadas no cartaz Nas vitrines do mundo, fiz meu som ecoar E o que era impossível parou pra me escutar Hoje o que eu canto é cicatriz aberta Lembro da fome, da luta, da porta sempre inserta Mas meu sonho teimoso nunca quis recuar E eu sou prova viva que dá pra superar Se hoje eu brilho é porque eu não desisti Aprendi que cair só ensina a resistir Era só um menino sonhando no bairro Mas acendi o farol, pra quem anda no escuro sem atalho Se hoje eu brilho é que fui até o fim E o impossível hoje aplaude a voz que canta por mim