Com todos os avanços da ciência, Algum dia o mundo tem de mudar. Se os deuses não tiveram clemência, Aqui na terra, quem irá nos salvar, Inventar uma vacina anti-violência, Anestesia pra desilusão, Um comprimido contra a intolerância, Uma injeção letal na corrupção? Há cura, Só que ninguém nos acode. Acorde: Que tá um “deus nos acuda”. Não muda: Já que ninguém se comove, A cura É sempre mais uma dose. E nem me fale Que o moleque Conseguiu largar o craque, E, hoje em dia, na favela, ele é destaque, Que é o rei do batuque E do samba de breque; Que como num truque Trocou seu tormento Por um contra-cheque. Pois de conto de fada E conversa fiada O mundo tá cheio, irmão. Para, que tá feio! para, que tá feio! É o tempo que passa E o povo padece. O consumo cresce E nos ameaça E nego oferece Quase de graça: - vai, véi? - vou não, véi. - valeu, véi. - de boa.