Arranquei meu nome na entrada do pesadelo Fui costurado por um contrato em branco A cada passo, ouço gritos nas paredes E os lampiões não me mostram descanso Os cães falam em língua esquecida Os homens rezam em frascos vazios A cura é uma mentira pingando das veias E eu sou o bisturi dos deuses sombrios Não sei o que vim buscar Só sei que, no silêncio algo me chama Me faça sangra Que o pesadelo me veja de volta Me faça caçar Pois nessa cidade ninguém mais volta Eu não sou salvação Sou reflexo no vitral quebrado Eu não tenho perdão Sou um laço com o horror selado Crianças desenham os deuses com tentáculos E os olhos brotam onde antes era fé Minhas unhas caem, mas o pulso ainda vibra Minha mente afunda, mas meu corpo quer A boneca dança em meio às flores mortas Com olhos de cera e sorriso de vidro Ela embala meu fardo como uma mãe errada E me entrega à lâmina – sem alarde, sem abrigo Você continua mesmo sem lembranças Que parte sua ainda acredita que é humano? Cicatrizes são preces que não foram ouvidas Cada fera caída me lembra quem fui E mesmo quando não resta voz Eu grito Eu grito Eu grito Por luz Me faça sangrar! Pois nas veias mora o abismo Me faça caçar! Mesmo se o sonho for um feitiço Eu não sou redenção! Sou o vazio que dança com o céu Eu sou a maldição! Assinada com sangue cruel Quando tudo terminar, não serei lembrado Nem homem, nem fera, nem servo de fado Só o vulto perdido no reflexo lunar Que matou deuses Só pra tentar acordar Frase muito foda! Adormeça, querido O pesadelo não precisa de testemunhas