O que será que "pintou" a cor da flor? A cor da flor, no tom do solo, É primavera. Quando luz, Novas cantigas de ninar. Chega a manhã e do seu colo Nascem crisântemos azuis, Cravos, orquídeas, saburás... Filhos de sonhos, os ventos, sós, São calhas. Regam em nós flores de jardins. Beijam o mundo tal beija-flor. Juntam abelhas e mel, pragas e jasmins. Foi o sol o que pintou a cor da flor! Os "calumbis", ao ranger galhos, Os gravatás de frutos falhos, Juntos, compondo uma canção. Hino de dor nas curtas garras. Sob a harmonia das cigarras, A sinfonia do sertão. Filhos de sonhos, os ventos, sós... Foi amor o que pintou a cor da flor! Vinda do céu, a esperança Traz a nobreza da criança. Come distância, vai a pé. O carrossel da semelhança Suga nos seios da lembrança. Deita nos braços da mãe fé. Foi a dor o quem pintou a cor da flor! Ferida de coice e lembrança do espinho. O passadiço engolindo dinheiro. A fome, alada, retorna ao ninho... Calcâneos traídos por dó costumeiro! No claro escasso, sutis lamparinas. O cheiro de gente, de reza, perfume. Novena "ronceira", de véu, de batina. Lamenta o moído penar "de-costume". Foi você o que pintou a cor da flor!