A pimenteira que ficava atrás do hotel imperial quando meu vô ainda mandava ali Cheirava tanto que escondia a colônia da perua que chegava de Guarapari Sobreviveu quando o cigarro do molambo acendeu nosso império E assistiu o homem mais forte do mundo carregando seu mistério Testemunhou a fuga da menina que voltou mais cedo pois estava escuro Se exibiu pra quem quisesse sombra, tempero e perfume até que veio um muro Desamparar A pimenteira alimentava o morcego que anunciava a noite escura que estava por vir Viu o menino insistente ainda que convincente e a menina a se desinibir Velou o papagaio que morreu de frio e não passou do inverno Acompanhou o garoto que ali chegou de calça curta e saiu de terno Fez companhia pro Saci que não podia entrar ali e temia o escuro Se despiu no outono e depois se vestiu primaveril até que veio um muro Desamparar