Na noite da Lua de cheia, terceiro noite de sonho Tudo igual com minha vó, sem faltar nada, e nem pondo Terno bate no terreiro, braseiro voa com o vento Cajá caindo no tempo na ponta cumeira, vovó chamava de canto Falava no meu ouvido e sumia feito zumbido de um enxame de abelha Dizia onde tava o pote Eu não entendi de primeira que debaixo da porteira onde pastorava o gado Debaixo de um mói de talo, marcado com uma figueira Dormia ponte esquisito que vovô tinha deixado E no arame do cercado rasguei nessa Lua cheia Atrás do meu pé de meia meu tesouro abençoado ou não Na sétima Lua cheia, no dia de São João A fogueira acesa, subia o clarão Samba no terreiro, sobe o poeirão Minha me vó me dizia embaixo da porteira No capim-de-esteira, debaixo de baixo do chão Desenterrei a botija E desvendei o tesouro Vó me dizia com cara de choro Chorando entrava em desespero Por que dentro dela só tinha dinheiro Relógio pulseira e cordão de ouro Se olhar pra trás vira pó Eu digo sempre vá só No lugar que eu mandar Nem mais pra lá nem pra cá Se olhar pra trás vira pó Eu digo sempre vá só Ou com quem eu mandar Tire com inchada de lá Se olhar pra trás vira pó Eu digo sempre vá só Saia ligeiro de lá Antes do nasce Sol