Uma árvore morta não dá frutos, não tem nada pra colher No dia em que esperei você renascer, foi arrancada com tronco e tudo Ironia do destino: Paz na paisagem, terrorismo nos sinais Ganância te levou à ruína, cobiça do que nunca foi seu Por fora tá tudo bem, por dentro destrói Sem uma folha pra fazer sombra pro sol Acordei gritando, distorcido: Você concorda ou merece? Nenhuma ação nasceu do ódio carregado por anos A própria arrogância faz os poderosos cair Faltou pão, leite, café e o dinheiro não me salvou Desde mil novecentos e oitenta e sete, respirar doeu, apanhar pra chorar era viver O fogo do isqueiro que não apagou foi o mesmo que me queimou Nenhuma saudade do que vivi Não gosto de lembrar o que senti Mesmo depois que arranquei a árvore podre Ela renasceu sem mim E disse que minha água é que sempre a matou Busquei no bosque aquela flor que só existia na mente Quando vi os olhos fechados da solidão, entendi: A morte era fatal Joguei água e adubo pra árvore morta, falei com desconhecidos Todos disseram: Ele ficou louco Eu já tinha adoecido quando fiz da esperança o meu castigo Eterno é o tempo, fraterno o desejo de um amor que já não existe Nenhuma saudade do que vivi Não gosto de lembrar o que senti Mesmo depois que arranquei a árvore podre Ela renasceu sem mim E disse que minha água é que sempre a matou Indicadores frios, anotações da vida Estúdio pra ficar feio: Entrei com dentes, saí banguelo Técnica sombria: Renovação de lápide Nocaute na luta contra meus próprios desafios Depois de tantos anos, concluímos: Estamos infelizes Quem cavou a distância não foi o tempo O problema sempre esteve na frente do nariz Reguei a árvore morta só pra não desistir Pra ela renascer sem mim E dizer que foi sua água que sempre a matou