Eu já perdi a dignidade Perdi a conta da idade Joguei meus sonhos na lixeira Minha cama é uma cadeira Derramei perfume na pia Larguei a garrafa vazia Fechei minha conta no bar Quebrei o meu celular Mas tanto fiz e nem sei se você me quis Onde pus meu nariz? O que faço, me diz? Se nem por um triz consegui ser feliz Fechei a ferida e agora sou só cicatriz Então entendo que é danado Nunca ter me apresentado Sei que fica difícil ser visto Por quem nem sabe que existo Talvez se eu chegasse no lance Pudesse ter alguma chance Como saber do meu sentimento Por transmissão de pensamento? Acho que sou mesmo o culpado Ficando de longe calado Um dia, quem sabe eu conto Sobre meu amor, é isso e pronto Até lá, sigo triste Chorando pelo que não existe Mas nêga, não me nega o direito de ser brega Nêga, não me nega o direito de ser brega Não nega, nêga, o direito de ser brega Nêga, não me nega o direito de ser brega. Sou brega Contratei um carro de som Escrevi no espelho com batom Costurei minha cueca marrom Comprei flores e bombom Botei o lençol pra lavar E o disco do Soriano pra tocar Agora só resta dizer porque ia Todo dia na sua padaria