Tá na figura da ovelha Pelas mãos do carneador Sacrifício curador Da fome de tanta gente Se encontra no dom presente Nas mãos sábias, tecelãs Que cardam sóis de manhã E aquece o frio de quem sente Tá no Sol da manhã fria Secando o lombo da pampa No touro que afia a guampa Na vaca lambendo a cria Na vida que se anuncia Também tá junto da morte Que, às vezes, se torna sorte E um sofrimento alivia O meu Deus mora no campo Rodeado de vento e luz E não atado na cruz Nas paredes de cimento O meu Deus tá no sustento Na boia de cada dia É calor na noite fria Para quem dorme ao relento O meu Deus mora no campo Não tem rancho na cidade Habita na liberdade Do remanso da cachoeira Tá na flor da corticeira Na gota mansa abençoada Da chuva que vem guasqueada E finda a seca matreira É a abelha que faz mel Tá junto à flor que embeleza É a consciência do que preza Pelo respeito e o amor Tá com o santo e o pecador Com o peão e o bacharel Habita o som do tropel Da tropilha em liberdade Seja feita a sua vontade Tanto na Terra ou no Céu