Essa cidade que não para de chover Bombas de gás que brotam na fonte central Nas avenidas máquinas vazias roncam E se desmontam logo depois do vendaval Não! Deixe de manha, deixe de manha Trabalhe, trabalhe Deus recompensa o pão Com suor e punição Nas filas postes firmes transbordam o tempo Nas macas frias saltam dores viscerais No fim sus pêndulo cortado do papel Não adiante mais denúncia no jornal Corra não pare não pense demais Estude em escolas boçais Ou vai em cana Se o teu corpo incomoda muita gente A culpa é sua se o aborto é ilegal Corre na drugstore da esquina e adquira Um bom marido e um anticoncepcional Diz que deu diz que dá Não vá negar, se for nega Ninguém vai te salvar oh nega Esse mundo é um estilingue Lança chama baioneta Na parede bate quente Volta bala de canhão Corre, rasga a esquina peito fora