[Lord ADL] Escrevei minha parte ou ser uma das partes na cena do crime Hoje minha história é do favela que nem sempre vive Que Deus me livre de alguém ter que lavar meu sangue na calçada E essa ser é a cena em que eu me encontro Dedos entrelaçados atrás da cabeça Eu só carrego a minha cruz mas eu morro se puxo Sai pra defender meu pão e morri sem defesa Por ser do rap o meu único movimento brusco Em tantos lugares a história se repete Mãe de quatro filhos, dois morreu no crime E deixaram filhos, ela cuida tipo mãe de sete Cinco minutinhos de beco adentro tu muda o teu mindset Quantos aqui morreram pobre, pobre, pobre E trabalharam bem mais de quatorze horas Nunca tivemos primo rico, rico, rico Nossas avós trabalharam até senhoras Me diz como é que chega a cocaína Como a morte de um inocente se tornou tão banal Como miraram no tráfico e acertaram em Severina Como prende um MC se quem mata é o policial Ou então como fica rico sendo preto Como posso ter razão com o bico de um fuzil encostado no peito Se um de nós adoece não tem vaga, falta leito Assassinaram a Luiza, universitária do gueto Nós quer Lei Antirracista, eles quer Lei Anti Oruam Nosso jeito de falar incomoda o Arthur do Val Nas favelas do RJ a bala come de manhã Balearam o Eros, eram os cana trazendo o mal Guerra continua no pique da endola a chapa esquenta Tem uns que brilham no passinho igual Pablin e vários Reels Olha o preto que eu achei, bonitão na NGB Era inocente tinha nada, notícia na Globo News Cinco dias sem água vai pra pista e tacar fogo Nós só qué atenção, se fosse terror nós botava o dobro Ninguém vê o Favela Cria, poucos olha pra favela Ação do Borges e do Chefin, o Tino não botou na tela É que eles treme com a força que existe em nós O que nos falta mesmo é ter a mesma união que os motoboy Mermas oportunidade dos playboy Mas quando se fala em favela, ver um de nós vencer pra eles dói Eu já te contei minha história, hoje eu conto as interrompidas Muitas baixas nessa guerra de gente que não é envolvida De gente que ainda apanha pela estigma Caso do Amarildo ainda é um enigma Linhas tristes, também queria que fosse a última, favela enferma A morte é uma amiga íntima O rap informa a visão que não tá nas páginas Última forma, nós já tá cansado de lágrimas Favela Vive! [MC Carol] Direto de Niterói, o vulgo é Carol Bandida A mídia me critica diz que eu canto baixaria Mas é no planalto que eles fode o trabalhador Esse escala 6x1 pra mim que é uma putaria Seu namorado é um otário, ele bateu na ex-mina Te trai aqui na favela, e não usa camisinha Engravidou a vizinha e nunca paga pensão Obrigando a coitada a criar o filho sozinha Equipe pé no chão, nós viemo lá de baixo Não aceita covardia, muito menos esculacho Tu não vai ver ninguém tirando minha autoestima Nem muito menos eu abaixo a cabeça pra macho Pra nós nunca foi fácil, vivendo 'Além Da Loucura Depois tu me pergunta porque minha vó tá maluca Meteu a mão no médico que veio chei de desculpa Depois de ver o filho morto pelo corredor da UPA Eles odeiam nossa cor, nós odeia racista Vini Jr, lá na liga, tu vê que ninguém liga Aqui as mina terrestre cuidado onde tu pisa Se mexer com uma de nós eu acabo com a tua vida [Dexter Oitavo Anjo] Numa noite fria e tenebrosa daquelas peças na mão, eu infringi O sétimo mandamento, um péssimo momento Reflexo de um tempo onde o nada era negado E minha busca atrás do sonho valia mais que minha vida Era tudo que eu queria, depois vi irmãos sendo tratados como bicho Entre eles, eu, jogado ali no canto, o plano era matar o Marquinhos Renasci como o Oitavo Anjo Condenado eternamente por quem me rouba todo santo dia, eles não tem decência Sociedade não perdoa criminoso que roubou por sobrevivência Mas idolatra Mata e morre pra ter um na presidência As leis das ruas não valem no planalto, pode ter certeza disso Se valesse eram todos esses putos Meio dia e meia nas ideias no campinho Filhos da terra prometida onde alguns cercaram tudo Se alto nomearam donos Não dividiram pão, ratos famintos De quebradinha tomaram vinho, brindaram nosso sono Não existe caridade vindo de dinheiro público E o público nem se liga nisso Focados em futilidade de influência Sonhando em ser eles Dormir e acordar rico no outro dia Pensa, Brasil não é pra amadores Se te mandassem pintar um quadro sobre luto, mortes e dores Te pergunto: Qual seriam as cores? (Qual seriam as cores?) Tão intuitivo como Android, eles tem um plano pra acabar com a gente Por isso a necessidade de me manter forte Tô pronto, mete marcha, sempre Deus na frente Hip-hop, meu remédio pra evitar a morte Sei que poucos deram sorte Eu não tive pai pra me ensinar o be-a-bá Não tive axé de Barrabás, nem foro privilegiado A liberdade eu tive que buscar A minha luz foi o rap, cê entende o peso desses meus versos? Caso contrário flores e caixão Verão, outono, primavera no inferno Punitivo como inverno Quem não tem casa morre de frio na calçada, eles também normalizaram isso O sistema te quer, um ser humano insensível Cada um com sua dor, foda-se o coletivo Hey, música negra, amo ser seu filho Agradeço por tá vivo e fazer parte disso Favela Vive (vive, vive, vive) O bom e velho rap tem seu compromisso, sim [Borges] Favela vive em meio a tantas mortes Chega a ser irônico, eu falo isso aqui Eu também já gritei que a Favela Venceu Mas depois eu percebi que eu mesmo menti pra mim Eu vi uma mãe com seu filho no braço A parte triste disso é que não era recém-nascido Era um jovem jogado, em meio dos quinze ano Com um corpo ensanguentado e algumas balas de tiro Eu perguntei pra Deus, cadê você? Ele disse: Meu filho, ainda estou aqui Não me culpe pela maldade no coração do homem O castigo dele vai ser não chegar até a mim Em época de Copa eles querem ocupar Mandaram até o Águia pra instalar UPP Mas aí te pergunto: Como o crime vai parar? Se tem gringo pra comprar, vai ter os cria pra vender Guerra desnecessária de quem acabar com nada e se quisesse acabava Mas o problema é na raiz Polícia me enquadra, falou umas coisa racista Só não entendi porque não parou de mexer o nariz Lei Áurea liberta e não traz igualdade Olhe no fundo dos meus olhos e veja a verdade Olhe no fundo dos meus olhos e veja a maldade O sistema é um rei arrogante e covarde Eu sou a continuação de um sonho De todas as vitimas de bala perdida A morte tem preço, o valor tem a vida Só quem passou por essa merda entende a narrativa Sejamos Abraham Lincoln, independência Com a pele de, Tupac Shakur Tu não escutou Djonga, vai escutar um papo meu No final de tudo eu vou ter que mandar tomar nu- [DK-47] Mesma cena, mesma fita, mesma história repetida Isso é Beco da Mina, aqui nada vale sua vida Se a favela não dá brecha, não é bom deixar na reta Ontem um deixou na reta e virou estampa de camisa Influencer racista, MC agressor de mina O ódio tá na pista, eu só vou te dar uma dica Quando é pra ser bom eu gosto de dar meu melhor Mas quando é pra ser ruim, menor, eu sou melhor ainda Tuas rima é de mentira igual os produtos da Virginia Eu sei que tu se assusta quando vê o meu sorriso Mas eu não sou uma cobra que vou te matar abraçando Eu sou igual o Coringa, hoje eu vou te matar rindo Foda-se o Tigrinho, essa porra não me emociona Tu é vergonha pra mídia ou tu é mídia sem vergonha Vocês não entenderam como o mundo funciona Ou tu tem rosto que vende ou tem um bolso que compra Tentar com nós é lona igual Tz, sou favelado A guerra estourou, vocês não tava desse lado Playboyzada, aproveita que seus dias tão contado Porque vê um playboy no topo é igual elefante no telhado Te vê nós tá ilhado, a sirene não funciona O rio invade as casas levando as nossas coisas Tá achando que eu tô ligando pra cor da tua maconha Se tu já trocou de carro ou se tu já trocou de loira Dinheiro é bom, eu quero sim, se essa é a pergunta Quem foi que não sonhou em um dia deixar os cria forte Mas nós tamo gastando tudo com droga e puta Enchendo de dinheiro o cu do dono da Lacoste Porque Roberto Jefferson, eles só conversaram Porque o Poze foi algemado pelo policial Na festa junina cês entraram e atiraram Porque deram o microfone na mão de Pablo Marçal Porque que a favela ainda vive se fudendo Quem roubou o INSS ninguém tá sabendo Espero que o iPhone 20 tenha o recurso endoscopia Pra vocês mostram no story como tão podre por dentro Da favela 1 ou 6, quanto menor eu citei Que antes dos 16 já foram assassinado Podia ser o filho de vocês Favela não venceu, no máximo tem empatado [Sandra Sá] Moleque raquítico, sangue branco, anêmico, sem nutrientes Resolveu assaltar era filho de mãe, sem subsídios físicos e mentais Viu a fome de perto, a morte nos olhos Olhando no espelho e a mãe pedindo milagre Sofrimento é ver quem cê ama, sofrer sem ter paz O vagabundo não sabe o que espera na vida lá fora Tá florida pra não dizer que tá foda, é tanta gente O ninguém no jornal só se for com uma tarja preta nos olhos Pra esconder o olho de peixe morto do peixe pequeno Indigente, nem vem ao caso Avião que só voa no morro nunca vai saber o que é céu de verdade Cordãozão de ouro estampado no peito Um fuzil e uma granada na cintura Auto estoura os miolos que puxaram a chave na hora errada Bandido bom é bandido bem preparado, o mercado é competitivo Se tudo na vida tem que dedicar tempo Pra que dedicar ao que não faz sentido? Tal bem, moleque vem Nessa roleta russa da vida, com swing e gingado Tal bem, moleque vem A arma é a caneta e o escudo papel Tal bem, moleque vem Nessa roleta russa da vida, com swing e gingado Tal bem, moleque vem A arma é a caneta e o escudo papel A arma é a caneta e o escudo papel Cultura, vida, arte