Pra afastar mau-olhado, espírito mal-encarado Toca fogo na fogueira, tem festa lá no terreiro O fogo já bate no céu, valêi-me, minha Santa Isabel Será se Maria já sabe que Seu João já nasceu? Vai, taca xaxado no Alavantú Meu povo pra frente, sem medo nenhum Apesar de toda tuas histórias De tantas lutas, de poucas glórias Segue potente, Nordeste da gente Nordeste de gente, berço do Brasil Mas pouco se fala, não falam aqui Quem que ouviu dos cabra mais brabo Os bravos construindo e levando o Brasil no braço? Você sabe, mas não atura Nordeste berço do Brasil Nordeste, berço de cultura, isso sim, Senhor Real cultura vem do interior De dentro pra fora, vem lá do Sertão De toda mazela sofrida Trilhas percorridas em busca de vida, de água e de pão Eles se encabulam Meu Deus, quanta arte que vem do Sertão Mandam parar, empatam, não passam Mas por aqui, não Aqui não Por isso eu vou falar bem baixinho Pois falam que sou maltrapilho Flagelado vindo do Sertão Não me cabe nas capital Querem nos calar com ração E se for falar alto Volta pros currais, pros campos de concentração Recolhe o meu povo no anarriê Repensa, refaça, reforça, ré, ré Retirantes reprisam, repetem de novo suas rotas Tipo um cururu no pulo Tibungo, pinota de novo pro Sul Ou pras capital Mais um sertanejo em busca do ensejo Pelejo, quero o meu real Mas acho que nada vem sendo real Nada foi real ou tudo é real? Arte distorcida por alguns real Nunca inserida em grande festivais O que que mais resta pro artista local? Se inscreve de novo lá no edital Daí conta um ponto de onde cê vem Tem desconto se eu conto e não bate, eu reconto Mas quem conta um conto sempre aumenta um ponto Menino, é tanto míngüe nem te conto Tome bafulê Mas eu proponho um maculelê Balacobaco, arrasta-pé Xaxado de bucado, dá câimbra no pé Dou-lhe sébada no coco Naqueles que nem aguentam nem meia hora Em sala de reboco No bole-bole ficam louco Menino, tem gente que até estranha Essa nossa arte que vem das entranhas Que corre no sangue e na alma inflama Doce que nem cajuína Alastra no mundo e muitos contaminam Aqui não tem quem não goste Pedacinho de mundo Muito melhor que cheiro no cangote A fé do meu povo é forte Quantas grandes secas já foram enfrentadas? Quantos foram os corpos caídos nas estradas? De lutas vencidas, lutas derrotadas Nunca desistidas, sempre enfrentadas Nordestino nato, diga-lá que eu sou De bater no peito com orgulho e amor Rap que vem do repente, nunca de repente Por mim, por minha gente, meus pais, meus avós Chega mais, meu povo, vem pra cá pra ver Cultura nordestina é minha, é de você Chega mais, meu povo, vem pra cá pra ver Essa cultura é linda, é minha, é de você Chega mais, meu povo, vem pra cá pra ver Cultura nordestina é minha, é de você Então bata no peito com toda razão Sei de onde eu vim, sei minha direção Porque eu bato no peito com toda razão Nordeste, minha casa, meu berço, meu chão