Com o reajuste diário Ninguém se bulia mais Correndo os preços na frente Se arrasta o salário atrás Nem pra trás e nem pra frente Quando veio o presidente Entrou com gosto de gás Botou o dólar pra trás Na saída do cruzeiro Calculando a URV Multiplicando o dinheiro Fazendo a moeda forte Circular do sul ao norte No bolso do brasileiro Parou o Brasil inteiro Com a entrada do real Foi quando os oportunistas Começaram a se dá mal Os especuladores Agiotas exploradores Também entraram no pau Pois o salário no grau Os preços ficaram em pé Uns diziam é armadilha Outros diziam não Trabalhos de oficina Transporte a gasolina Andaram de marcha ré Tudo o povo compra quer Vendo de bom e barato Na base da prestação Chegou o momento exato Nego começa a dever E depois vai se mal dizer E o real quem paga o pato O real chegou exato Melhorou para o povão Embora muito confuso Pela soma da fração Tudo mundo aproveitou E quem pode comprar Comprou na base da prestação Foi a maior confusão Com o avanço da URV Tinha gente que emcarcava A unha pra ver doer Peixe frango no mercado Feijão e carne de gado Pobre ficou sem comer Sem ter pra onde correr Nas garras da inflação Leite arroz açúcar e gás Manteiga café e pão Bolacha e tripa subia E a linguiça só comia Quem tivesse proteção Nem ajuda do negão Não adiantava mais Mulher vendeu a barriga Lá nas grandes capitais Mas tem freguês indigente Que comprou parte da frente E carregou a de trás O sufoco era demais No peso da inflação O volume do cruzeiro Causava admiração Para gente ir ao mercado Levava o bolso estufado Só dava um ovo e um pão Mudou a situação Com a entrada do real Moeda não dava mais Nem mesmo pra comprar sal Agora com uma moeda O nego bebe que azeda Cachaça até fazer mal Esculhambação igual Ninguém mais aguenta Vai haver um grande choque Nesta era de 90 Desta vez ou vai ou quebra Ou a mola desapega Então a corda arrebenta Nego entorta o pau da venta E o bigode dá um nó Quem não morrer afogado A água dá no gogó Mesmo o cabra sendo ativo Que a desgraça do pau vivo É ter um cerco arredor A coisa ficou pior Os preços são desiguais Os lucros são diferente Dos cruzeiros pros reais Cruzeiro andava pra frente Pro azar de muita gente Real só pra trás Lavrador não solda mais Pagando trabalhador Emprega tudo que tem Faz despesas de horror Por grande que a safra seja Nunca dá pra o que deseja Nem recupera o valor No sertão o criador Perdeu o valor do gado Barato ninguém não compra Que o real tá imprensado Dinheiro ninguém não tem Cheque não vale também Perde quem vender fiado O nó está apertado Ninguém pode desmanchar A chegado do real Entrou mesmo pra quebrar Quem pensar que é brincadeira Desta vez nem que não queira Ver os quartos balançar O aposento não dá Acabou-se a confiança O médio cresceu o fogo O rico cresceu a pança O velho murcha a barriga Doença fome e fadiga A velha murcha a poupança Quanto mais se faz mudanças Mas corre o povo apertado Quem pensar que tá roubando No fim é que vai roubado Quem tem a glória por certo Pensando que o céu é perto Morre de braço estirado O Brasil tá imprensado No balanço do reais De um comércio para o outro Os preços são desiguais Nas unhas do tubarão Quem não presta atenção Leva trombada demais Caiu o chicote por trás Com toda força do braço Quanto mais se esperneia Mas entra no embaraço Muita gente vai perder Para todo mundo ver Couro do espinhaço Muita gente vai perder Para todo mundo ver Couro do espinhaço