Os dias passam, eles passam Como é que a gente passa de passo em estreito chão? O que não passa aos olhos, passa seco pela boca E o passo da escolha passeia pelas mãos Ele chegou em bando, bancando de herói Sempre bem aplaudido por tudo o que destrói E quem se indignava a cada ferida aberta Batia contra o muro seu grito de alerta Ele enfeitou o velho e ainda que incapaz Juntou com quem gostava de dar passo para trás E quem tocava a banda com todo esse desmando Tirava o pé do samba, botava o pé no tango Ele iludiu uns tantos e outros só peitou E sem pudor desdisse muito mais do que contou E quem tava de fora cercado de apatia Guardava na memória algo de covardia Ele riu do perigo, da morte riu também E os embriagados disseram só amém E quem ficava em casa, cuidando só dos seus Nem sempre evitava o encontro com Deus Ele ganhou desprezo, mesmo de torcedor Bateu o pé negando, caiu de perdedor E quem tava cansado de tamanho absurdo Ainda desconfiado comemorava mudo Os dias passam, eles passam E a gente passa em dança e ao passo ganha chão A luz passa nos olhos e passa o canto pela boca E leva por escolha um sonho em cada mão