Que saudade eu tenho do mato, da roça do campo e do gado no pasto Dos belos riachos e da passarada, cantando a alvorada na velha estrada Que saudade da casa de taipa, que papai levantou e também abrigou Com tanto amor, vovó e vovô que muito lutou, criou e plantou Que saudade de ver minha mãe no fogão de lenha, sua bença e respeito O pote de barro e a concha no jarro, uma lamparina clareando o terreiro Que saudade que eu tenho de tudo, até meus estudos que eram precários Até da água que o poço salgou, de tudo na vida que papai me ensinou Eu cresci e fui muito feliz, não tive o que quis, mas papai sim, tentou Até da sua boca, mamãe já tirou, pra não ver de fome, eu sentir essa dor Também ajudei e trabalhei desde cedo, com muito segredo a gente guardou Era difícil eu te amo e um beijo, mas de qualquer jeito eu vivi no amor E se um dia eu vencer na cidade, sem muita vaidade pra lá vou voltar Já não tenho vovô, vovó, nem papai, até a mamãe já não tenho mais Quero um dia pra lá ir morar, honrar as memórias que enterrei por lá Pra valorizar o choro e o suor que meus pais derramaram pra me sustentar Que Deus me ajude e me mostre o caminho, com o mesmo carinho cuidem de mim Que eu sigo sozinho cumprindo um papel e vocês lá no céu, que zelem por mim O eu te amo que não disse em vida, digo a vocês com o meu coração Recebam com fé esse beijo que é meu, na presença de Deus Quando eu tiver em oração