Deus estendeu Por toda parte Uma obra de arte No sul do Brasil A mata que tudo nos dá Teu fruto mata a fome Teu corpo serve de abrigo Tua lenha aquece o coração Mas a cobiça chegou Veio com fogo e machado E no berro da ambição Pinheiro foi silenciado Do facão à motosserra Do machado à extinção Veio um tal Percival De terras do norte, o mal Trouxe pistoleiro e guerra Na mata fez funeral Um grito por todo o estado Nas grotas, nos pinheirais A guerra do Contestado Matou gente demais Até um nome errado Foi feito pra disfarçar Ao homem desterrado Só restava calar Era sangue, era madeira Atira no homem Atira no bicho – A voz só sabia mandar O tempo trouxe a cobrança Dinheiro nunca foi glória Da mata resta a lembrança Em todo livro de história Hoje só resta a memória E um raro esplendor Pinheiro tombado ao chão É tudo eco de dor