Sonhei que um anjo veio me visitar no galpão Chegou do céu a cavalo, com uma estrela em cada mão Era um anjo musiqueiro, com algo de índio no olhar Que deu um assovio tristonho antes de bater e entrar Tinha uma gaitinha de boca Que limpou para tocar um som celestial, divino Que era um suave milonguear Cheguei ver Deus, nessa hora, com sua magia suprema Entrar pela mesma porta Já recitando um poema Acordei com um relincho e um canto de galo no oitão O vento tocando milonga e uma estrela em cada mão Meu corpo está envelhecendo Em algum canto do meu eu Mora uma alma de anjo, purinha como nasceu Seguido, o anjo do céu, feito um índio querubim Vem matear com esse outro que mora dentro de mim Um assovia pro outro E depois de eu adormecer Vão pro galpão do meu sonho, brincarem de se esconder Por isso, eu depois acordo ébrio de céu e de luz Saio pro campo a cavalo e abro meus braços em cruz Sinto que andam comigo, cada manhã aqui no chão Dois anjos que zelam por mim e me cuidam como irmão Vão assoviando milongas pela minha boca de peão Esses anjos musiqueiros que eu tenho no coração Sei que os meus anjos da guarda nunca vão me abandonar Um chama os que estão dormindo cada vez de camperear Com aquela gaitinha de boca que limpa antes de tocar E quem sabe uma noite dessas, depois que eu adormecer Venha o menino Jesus Que lindo que isso ia ser Brincar no galpão do meu sonho Com eles de se esconder Brincar no galpão do meu sonho Com os anjos de se esconder