São três pingaços crioulos os favoritos ao freio Em cada sangue um esteio da nossa raça campeira Escorados na peiteira, vão entrar solando a venta Na prova que é ferramenta da seleção brasileira Por mão de gente e afamada vem esses potros montados Três indios exprementados em domar e arrucinar A história de seus cavalos e as bondades que garantem Deixo que eles mesmos cantem que eu também quero escutar Primeiro concorrente, Alexandre Suñé lá de Bagé Cavalo Mouro Mouro Meu Mouro era maleva arisco e assombrado Até ficar domado deu lida pra esse peão Mas quem é bem campeiro conhece potro quebra Depois que ele se entrega tem sobra de função Pescoço encapotado de combi de baralho Na cola um quatro galho que é pura tradição O trote que é uma rede aprumo que é uma mesa E quatro casco preto que mal tocam no chão Cavalo bom de boca ligeiro campo fora Que não precisa espora nem rabo de tatu Se eu trago as alpargata já meio esfiapada É de viver escorada em lombo de zebu Crioulo riograndense de antiga procedência Que fez essa querência sem nunca se entregar Te trago com orgulho debaixo dos arreios E pra ganhar esse freio, vão ter que me ganhar E agora o indio xucro lá de Viamão Marcelo Montano Coelho no cavalo Correntino Gateado frente aberta de nome correntino É o potro que o destino me trouxe pra encilhar Comprei nuns arremates que teve na fronteira E fiz bem na campeira que é como eu sei domar Arrucinei na lida e ficou de compromisso Se forja no serviço um cavalo de patrão Laçando vaca braba nas quinas de rodeio Curando algum terneiro debaixo dos garrão Cabastro garantido de oito e um farelo Cavalo com o selo da nossa associação De bom temperamento de trote despachado E quando procurado parelho de função Meu pingo tá composto não erra uma pegada E eu sei bem a parada que eu tenho que enfrentar Mas se eu saí de casa não foi pra fazer feio E pra ganhar esse freio, vão ter que me ganhar Daonde é o outro ginete Mauro? É lá de Santa Bárbara Álvaro Dumoncel Cavalo Temporal Topete no focinho cabeça carneirada E o que falta de alçada lhe sobra em coração Meu potro saiu manso e com pouco ensinamento Já lia o pensamento da alma desse peão Do Chile vem o sangue e o tino de vaqueiro Da escuridão do pelo seu nome Temporal De fato fecha o tempo se eu entro na mangueira Erguendo polvadeira e dançando no arenal É baixo de cabresto e é curto de andadura Mas bueno de figura e sereno pra esbarrar E no giro de patas quando eu troco de volta A cola vem na bota e as rédeas vem no ar Na cova da paleta eu corro a paleteada E faço a retomada sem me desencostar Na hora da pexada reparto um boi no meio Por isso neste freio, vão ter que me ganhar Que que achou dos ginetes compadre? Óia quem vai ganhar eu não sei mas no canto tão empatado Largamos com confiança chegamo entreveirado Num freio disputado ninguém frouxa o garrão Quem gosta dessa raça assiste emocionado E mesmo bem domado dispara o coração Até a última vaca e a volta da vitória Ninguém conhece a história que o povo vai contar Mas qualquer um que vença sentamo à mesma mesa E a conta da cerveja vai ser de quem ganhar Assim é nossa vida contrários e parceiros Peleamos no entreveiro sem nunca nos cortar E vamos toda vida com pingos e com planos Pois no próximo ano, vão ter que nos ganhar