É verdade, meu senhor Essa história do sertão Padre Vieira falou Que o jumento é nosso irmão Ão ão ão ão ão ão O jumento é nosso irmão Quer queira ou quer não! O jumento sempre foi O maior desenvolvimentista do sertão! Ajudou o homem na lida diária Ajudou o homem Ajudou o Brasil a se desenvolver Arrastou lenha Madeira, pedra, cal, cimento, tijolo, telha Fez açude, estrada de rodagem Carregou água pra casa do homem Fez a feira e serviu de montaria O jumento é nosso irmão! E o homem, em retribuição O que é que lhe dá? Castigo, pancada, pau nas pernas, pau no lombo Pau no pescoço, pau na cara, nas orelhas Ah, jumento é bom, o homem é mau! E quando o pobre não aguenta mais o peso De uma carga, e se deita no chão Você pensa que o homem chega, ajuda O bichinho se levantar? Hum...pois sim! Faz é um foguinho debaixo do rabo dele O jumento é bom O jumento é sagrado O homem é mau O homem só presta pra botar apelido no jumento O pobrezinho tem apelido que não acaba mais Babau, Gangão, Breguesso, Fofarkichão Imagem do Cão, Musgueiro, Corneteiro, Seresteiro Sineiro, Relógio... É, ele dá a hora certa no sertão Tudo isso é apelido que o Jumento tem Astronauta, Professor, Estudante Advogado das Bestas É chamado de Estudante Porque quando o estudante não sabe a lição da escola O professor grita logo Você não sabe porque você é um jumento! E o estudante, pra se vingar Botou o apelido no jumento de professor Porque o professor ensina a ler de graça. Pois sim! Quem ensina a ler de graça é o jumento, meu filho É assim A! E! I! O! U! U! Ypsilone, ypsilone Ypsilone, ypsilone Ypsilone, ypsilone Só não aprende a ler quem não quer! Esse é o jumento, nosso irmão Animal sagrado! Serviu de transporte de Nosso Senhor Quando ele ia para o Egito Quando Nosso Senhor era pirritotinho Todo jumento tem uma cruz nas costas, num tem? Pode olhar que tem Todo jumento tem uma cruz nas costas Foi ali que o menino santo fez um pipizinho Por isso ele é chamado de sagrado Ha ha, jumento meu irmão O maior amigo do sertão! Ele é cheio de presepada, sim senhor Uma vez ele me fez uma, menino Que eu não me esqueci mais Quando dá as primeira chuva no sertão A gente planta logo um milhozinho No monturo da casa da gente Porque dá ligeiro e é milho doce Dá ligeirinho, ligeirinho! O jumento cismou de ser meu sócio! Eu disse: Eu pego ele! Quando ele invadiu minha roça...he Eu preparei uma armadilha, cheguei perto dele e disse Comendo meu milho, hein! Vou lhe pegar! Ele balançou a cabeça, ligou as atenas Troceu o rabo, troceu, troceu, troceu Deu corda e disparou! Deu um pulo tão danado na cerca Que nem triscou na minha armadilha Correu uns 10 metros, fez meia volta Olhou pra mim e me gozou Seu Luiz! Seu Luiz! Comi seu milho! E como! E como! E como! E como! Filho da peste! Comeu mesmo! Mas eu gosto dele Porque ele é servidorzinho que é danado! Animal sagrado! Jumento, meu irmão, eu reconheço teu valor! Tu és um patriota! Tu és um grande brasileiro! Eu tô aqui, jumento, pra reconhecer o teu valor, meu irmão Agora, meu patriota, em nome do meu sertão Acompanho o seu vigário, nesta eterna gratidão Aceita nossa homenagem Ó jumento, nosso irmão, ão, ão, ão, ão, ão, ão