Manhã linda, vento morno, os ovelheiros trabalham Cheiro de flores exalam de campo, várzea e banhado Olho atento, laço armado, cuidando o lado do vento Pra estender os quatro tentos nas aspas de um abichado O Eder velho firma a rédea e laça um boi Livra o tirão e depois frouxa pro garreio Cerro de perna, abro o cavalo e estendo a trança Num lindo pealo na beirada do rodeio Deixa cinchando mas passa a rédea no laço Porque esse zaino sabe muito desse enleio Orelhas firmes, mui atento no serviço Sem outro vício que ficar mordendo o freio Se tá curado, tira o laço, apara a cola Arruma as garras enquanto eu fico cinchando Monta a cavalo ralha os cachorros pra trás Que o boi é brabo, vai sair atropelando De volta às casas, trote manso, pingo suado Chapéu tapeado e os ovelheiros de atrás Olhando ao longe o espinhaço do horizonte Onde o sol treme e a distância se refaz Se assusta feio o meu cavalo se negando De um avestruz que de repente sai do ninho Desprevenido quase saio dos arreios O que me vale é ter pegada nos machinhos!