Fui benzido nessa lida de fletes, campo e mangueira Onde nasceram as tronqueiras do garrão do meu estado Por pajé fui batizado contra rodada em feitiço Talvez seja por isso que não me enrredo nem me enleio De espora, chapéu e relho Sou meu Rio Grande machaço Lacei no mais o picaço, o zaino, o mouro ou rosilho Que pra me sacar do lombilho Só se a terra vá pra cima e o céu vire pra baixo Deixa pra mim, Salustiano, essa bolada Que a mim me agrada um bocudo sem sossego Basto pelado, não precisa ter pelego Se corcovear, de espora leva um rechego Eu fui criado na estância do Posto Belo Domando potro do corunilho amarelo Crinas trançadas pelos ventos morcegos Sento a maneia e o beiçudo tá no chão Não tem perdão lidando com esses malvados Pois aporreado não se alisa e nem se amima – É que nem China, tem que lidar com cuidado Corpo de gato, olhar atento e bem ligeiro Porque esse bicho é demoniado e traiçoeiro Forma algazarra da peonada na mangueira Pura tronqueira palanqueando esta querência Sou ginetaço e domador por excelência Quero a bolada pra que larguem campo afora E quando o infame se esconder embaixo do basto E corcovear cheirando a língua no pasto Que me protejam São Jorge e Nossa Senhora É lida bruta, porém de muito valor Um domador que se garanta não se entrega Não dá em macega um índio guapo e ligeiro Quando a cavalo, um tigre numa porteira Que tira balda de matungo mal domado E que no pingo seja índio desdobrado Eu só conheço lá pras bandas da fronteira