Quem traz em si o caminho Que é novo cada momento Tem na inconstância do vento O destino que lhe cabe Nem mesmo o destino sabe O porquê destas partidas Das multiplas despedidas Que o tempo nos apresenta Eu levo o Sol no destino E a sombra por desafio Um azul de céu imenso E duas margens de rio Um passado e um presente Que dimensionam meu tempo Um adeus de lenço branco Que ficou no esquecimento Quando parti levei sonhos E o coração do avesso As palavras de um verso Que eu só fiz o começo E um baú de lembranças De falso ouro, sem preço Pensei que fosse mais fácil Emoldurar o passado Num retrato amarelado Antigo quanto a saudade Quando se partem as metades Um lado procura o outro O que vai é o recomeço O que fica morre aos poucos Na hora em que a alma dorme No tempo de cada um A saudade é tão comum Como a de estar ausente Já não germina a semente Que o solo se oferece Somente os sonhos são férteis Em terra que nada cresce