Sentei na beirada da velha estrada Margeando a mata na encosta da serra Na minha paragem eu olho a pastagem E noto a vantagem que tem essa terra Capim que é viçoso no solo argiloso Vi meu pai saudoso fez um bananal Agora a baixada virou invernada E vejo a vacada no coxo de sal No tronco caído de um velho angico Eu pensei comigo o tempo que faz Da nossa morada não vejo mais nada Do nosso passado nem sequer sinais Por ser arregrado e o patrão desalmado Se viu obrigado meu pai se mudar A renda que vinha pras bocas que haviam Um jeito não tinha de se alimentar Lembrei de criança meu tempo de infância De quanta pujança que tinha meu pai Com a face marcada da luta incansada Que teve na enxada, da mente não sai Como é que podia ter tanta alegria Que sempre trazia a tardinha ao voltar E sem sofrimento ele achava tempo Naquele momento com os filhos brincar Um rancho de palha e parede de adobo Foi o que aqui pode minha mãe possuir Mas era encantada não pediu mais nada Do que a meninada que Deus permitiu Como ela adorava assar biscoito Nós éramos oito sem um que morreu Quatro mocinhas e um fora de hora Dos três da escola o mais velho era eu A triste partida me abre as feridas Quando a despedida eu volto a lhe dar A mãe na saída conforta as crianças Mantendo a esperança que vai melhorar Na carroceria eu junto aos brinquedos Um pouco de medo de tudo enfrentar Mas tinha comigo um herói destemido Meu pai, meu amigo me ensinou lutar