Finquei minha raiz No extremo norte onde começa o meu país As folhas secas me guiaram ao turé Pintada em verde-e-rosa, jenipapo e urucum Árvore-mulher, Mangueira quase centenária Uma nação incorporada Herdeira quilombola, descendente Palikur Regateando o Amazonas no transe do caxixi Corre água, jorra a vida do Oiapoque ao Jari Çai erê, babalaô, Mestre Sacaca Te invoco do meio do mundo pra dentro da mata Salve o curandeiro, doutor da floresta Preto velho, saravá Macera folha, casca e erva Engarrafa a cura, vem alumiar Defuma folha, casca e erva, saravá Negro na marcação do marabaixo Firma o corpo no compasso Com ladrões e ladainhas que ecoam dos porões Ergo e consagro o meu manto Às bençãos do Espírito Santo e São José de Macapá Sou gira, batuque e dançadeira (areia) A mão de couro do amassador (areia) Encantaria de benzedeira que a Amazônia Negra eternizou No barro, fruto e madeira, história viva de pé Quilombo, favela e aldeia na fé De Yá, Benedita de Oliveira, mãe do morro de Mangueira Ouça o canto do Uirapuru Yá, Benedita de Oliveira, benze o morro de Mangueira E abençoe o jeito Tucuju A magia do meu tambor te encantou no Jequitibá Chamei o povo daqui, juntei o povo de lá Na Estação Primeira do Amapá