Ressurgindo das cinzas, vim mostrar minha essência A verdade é meu grito, minha rima é resistência Muitos pensaram que eu tinha desistido Mas sigo firme, consciente, fortalecido Negro de atitude, não calo minha voz Desafio o sistema, mesmo que esteja a sós É assim que tem que ser (o quê? O quê?) Sou rebelde nato, não temo morrer Filho da luta, de olhar afiado Político, gambé, aqui não é seu lado Se invadir minha quebrada com cinismo e terror Vai sentir o peso do verso, da dor Otário, pilantra, homem ou mulher Tanto faz, nenhum presta, sai do meu pé! Você não me apavora, não mete pressão Chegou minha hora, ouve minha canção! A hora da virada, da minha vitória Rima verdadeira que marca a história Se você teme o que não compreende Preste atenção, minha mensagem transcende Te detono com letras de sabedoria Mostro a consciência que a mídia omitia Minha luta é o alvo, se liga, irmão Essa é minha missão, manter-se em ação Porcaria de governo que me quer calar Sou preto, sou digno, não vou me curvar Sua ignorância não me intimida Desperta, se liga, deixa de mentira! A primeira das seis letras é o Hip Hop Sou voz da quebrada, direto da Zona Norte Falo do racismo, da podridão do sistema Falo o correto, não entro no esquema Tem que ser pesado, com firmeza e visão Aviso na rima: Isso é libertação! Enquanto uns retratam a vida real Outros são só fachada, paga-pau total Escrevo onde for, faço da rua meu papel Minha arma é a palavra, meu escudo é o pincel Hip Hop de verdade, não vivo de ilusão Sai da frente, covarde, aqui tem coração Tentaram pôr regras na minha rotina Mas explodi correntes, gritei minha sina Falo da minha vida, das feridas abertas Da dor, da lida, das batalhas concretas Ironizo quem finge que tudo tá bem Mas na real, falta pão, remédio e também Falta respeito, falta dignidade O povo morre calado nessa sociedade Que nunca foi justa, só disfarça o desespero Pobre morre de frio, rico lucra com dinheiro E o problema não para, continua a crescer Se duvida, vem comigo e vai ver Na Praça da Sé, no Viaduto do Chá Na viela escura ou na rua popular Se o meu nome te assusta, presta atenção Não é violência, é conscientização Minha rima é a arma, o alvo é a mente Use a cabeça, se torne diferente Tenho orgulho de onde cresci e vivi Sou da quebrada, filho de Guarulhos, daqui! Você pode até achar que é loucura rimar Mas o silêncio é que me faria pirar Enquanto houver abandono, injustiça, opressão E escola vazia sem nenhuma atenção Eu vou continuar, não vou me calar Cantar, denunciar, lutar e pensar A consciência é o norte, se liga, irmão Essa é minha jornada, revolução na canção Sou preto na missão, mil grau na levada Minhas linhas vêm da rua, da quebrada sagrada Com fé e coragem, enfrento a tormenta Levo no peito a dor da favela sedenta Salve ao povo do São João Batista Ao Picanço, Vila Barros e Bela Vista Moreira, Morros, Itapegica, Cocaia Continental, Jardim Vera e Jovaia Paraíso, Santa Emília, Vila Rica Santa Mena, Soberana, zona crítica Presidente Dutra, São João, Taboão Do Pimentas ao Irene, firme na missão Mazzei, Sesi, Inocop e Mikaiu Haroldo, Vila Any, todo mundo tá no fluxo Cecap, Fortaleza, Vila Galvão e Iraci Essa cidade pulsa, pulsa dentro de mim Zona Leste, Oeste, Sul e Norte SP inteiro resiste com garra e com sorte A voz que ecoa da quebrada sem corte Sou Mano Nivas, e eu sou minha própria ponte