Maria é menina de peito, de punho, de sarro De bunda que aponta pra Lua Maria acredita que hoje faz Sol Mas que amanhã vem o tempo de chuva Maria sorria de noite, de dia O riso que até do zóio escorria Mas o que Maria tem de mais mudo É uma tristeza que vive no fundo Maria sem nome, sem par De onde cê vem, ô Maria? Que sabe do céu, dos búzios da terra Cantando afro samba, tá perto de Deus Que fala de amores como quem sofreu Mostrando as feridas que o mundo lhe deu Maria é mulher de útero em luta, de marra De força que enverga pra dentro Menina esperta percebe que o mato Ainda vai engolir o cimento Maria não acha meritocrático Livre mercado reger a nação