A Paixão de um Deus amante meditar vinde cristãos E contritos neste instante, ah chorai, chorai irmãos Já que foi nossa maldade que o fez tanto padecer Ó cristãos por piedade, com Jesus vinde sofrer De temores assalto, no jardim quando se viu Todo peso do pecado em sua alma recaiu Correu sangue de seu corpo numa grande profusão Ele quase como um morte curva a fronte até o chão Judas vem dissimulado, vem fingindo abraçar O covarde desalmando quer assim o atraiçoar Do traidor imitadores sois vós que ofendeis a Deus Vós cristãos e pecadores sois piores que os judeus Entre mãos de vil soldado cai o nosso Redentor E seu rosto profanado traz sinais de seu furor Eu também com que maldade, meu Jesus quanto pequei! Vossa augusta Divindade quanta vez não ultrajei Assim preso e amarrado é levado a Caifás Por que é mais maltrado do que na casa de Anás De mil modos afrontado, nosso Pio Salvador Vê-se por fim condenado como vil blasfemador E não só dos inimigos vem lhe causa de pesar Um discípulo dos queridos, vem-no três vezes negar Mas o Redentor benigno, com seu brando e meigo olhar Faz nascer na alma do indigno um leal vero pesar Na presença de Pilatos ousa o povo preferir O pior dos celerados ao Senhor que o vem remir Mais indigna preferência tenho feito muita vez Contra Deus dando sentença preferindo a malvadez Jesus morre, a natureza pasma e chora seu Autor Tudo veste de tristeza, tudo manifesta dor Tu cristão que vês as pedras estalarem de pesar Ah! Não queiras mais que elas insensível te mostrar