No Brilho dos olhos da alma sofrida Há um olhar que poucos percebem Oculto na sombra do esquecimento Dentro de almas que vagam perdidas Tocadas por dores que o mundo não vê No silêncio do tempo distorcido Onde a razão dança sem rumo Existe um brilho suave e puro Esperando o afago da compreensão Um olhar que suplica ternura Que clama no abismo da mente Como quem busca um porto seguro Nas tempestades que ninguém sente Eis ali um doente esquecido Cativo de um labirinto invisível Mas quando o amor se faz presente Ele desperta, ele sente, ele vive O toque suave de mãos compassivas Desata os nós da tristeza calada E os olhos, antes opacos e frios Ganham cor, um brilho de esperança Quem nunca viu esse olhar divino Jamais provou a essência da vida Pois nele há uma centelha sagrada Que clama, que sonha, que chora No afeto singelo de uma alma cristã No gesto que envolve sem medo Resplandece um amor infinito Capaz de refazer cada pedaço É um olhar que se veste de estrelas Quando acolhido sem julgamento Quando a dor não é mais sentença Mas um convite à compaixão O doente que o mundo rejeita Carrega segredos que poucos entendem Mas ao menor gesto de ternura Ele se ilumina como um anjo desperto Ah, se os olhos pudessem falar Contariam histórias de sombras e luz Mas é na presença amorosa e serena Que a alma ferida encontra sua cruz Uma cruz que não pesa no ombro Quando o amor lhe serve de apoio Pois cada sorriso que o entende O eleva a um reino sem dores Há pureza naqueles que sofrem Mas que no afeto se tornam inteiros Como crianças que brincam no vento Sem culpa, sem medo, sem tempo E quando alguém segura sua mão Não há mais loucura, não há mais caos Só o milagre de um olhar terno Renascendo na fé e no abraço Quem dera o mundo visse assim Com olhos de quem sabe enxergar Além dos muros da indiferença Além dos rótulos que aprisionam Pois um doente, tratado com amor Não é mais um prisioneiro da mente Ele se torna um espelho divino Onde Deus reflete sua luz Na meiguice de um olhar redescoberto Vive um poema jamais escrito Tecido em gestos de compaixão Em mãos que levantam sem julgar E assim, na magia desse encontro O amor se faz cura, se faz verbo Porque olhar um doente com ternura É ver a própria face de Deus