E já vem clareando por essas campanhas O Sol negaceia uma volta de estrada Um rancho de tábua De frincha e rangido Um corpo tão lindo E um lençol de geada A manhã de frio congelou o tempo Pararam-se os ventos Pararam-se as horas Nem pressa ou demora Nem laço, nem tento Nós dois aqui dentro, o inverno lá fora Eu trago as rosetas na palma da mão Não ponho no chão para não fazer alarde Teu sono é tão lindo Que que todo o rincão Pra te ver dormida desperta mais tarde Estendo meu poncho cobrindo as tuas curvas Com frio não vem chuva E mesmo que viesse Quem anda conhece que o que mais abriga O homem na lida É a saudade que aquece É a saudade que aquece E te levo a mão sem tocar tua pele Lá fora o que fere é frio e silêncio Ao tempo suspenso no teu respirar Que parte do ar se enche de incenso Ou abro essa porta Ou fico pra sempre Ou saio pros campos Ou entro em teu mundo O frio desses fundos O teu corpo quente O destino da gente naquele segundo Um raio de Sol se mete pela frincha O gateado relincha o primeiro chamado O meu lenço atado O sombrero no gancho Eu ergo meu poncho e deito ao teu lado Estendo meu poncho cobrindo as tuas curvas Com frio não vem chuva E mesmo que viesse Quem anda conhece que o que mais abriga O homem na lida E a saudade que aquece E a saudade que aquece E a saudade que aquece