Bertoleza entrou na festa Pobre negra mulher do morro explorada Agora descansa, samba e dança Os retirantes magricelos Fabiano, sua esposa Sinhá Vitória Seus filhinhos e até a baleia Não precisam mais fugir da miséria em busca de abrigo Entraram na festa Pedro Bala e a pobre Dora Pirulito e os demais Caitães da Areia Foram todos recebidos com comida de verdade Não vão precisar mais roubar Macabéa Não precisa mais se resignar na angústia de não saber Tudo lhe foi revelado Está desvendado Sorri com todos os demais Está em família É assim que vejo o final dessa parábola Com esses representantes da alma brasileira Finalmente encontrando um lugar de acolhimento e celebração Porque o grande banquete não seria grandioso Sem cada uma dessas almas quebradas O que torna o grande banquete grande Não é a comida fina e exótica na mesa Nem se tem uma observação sequer de Jesus acerca do que foi servido O que o torna grande é o fato inexorável de ter sido a majestade graciosa Misericordiosa num nível tal Que gente assim Gente como eu Pela primeira vez Entrou nos salões reais Um absurdo Um disparate Um desperdício de tempero Aqueles paladares oxidados pelo pecado Jamais conseguiriam descrever fielmente O sabor de alimentos tão finos Que desperdício Que assombro Que espetáculo de Rei! Como não se maravilhar diante da sua graça? Como não dançar e celebrar o Rei que quebra o sistema dos religiosos E admite pecadores como seus convidados de honra? Come com eles Dança e canta com ele Por mais hipnotizante que esse seja essa cena Ela não é a última cena da parábola A majestade termina dizendo Eu lhes digo Nenhum daqueles que foram convidados Provará do meu banquete Essa frase soou no salão onde Jesus contava tal história Os convidados não tinham coragem sequer Pra olhar uns pros outros Depois de demonstrarem claramente Estarem mais preocupados com a tradição Do que com a alma quebrada e doente na porta Depois de brigarem pelos primeiros lugares E de suspirarem na certeza que merecem o banquete do céu Jesus encerra sua história sobre o valor que a vida tem Amarrando-lhes uma bola de ferro ao calcanhar E os jogando no oceano Esses que sabem do convite Ouviram os profetas Os mensageiros Os servos Esses que pertencem ao ecossitema do palácio Que foram previamente convidados Mas que de forma insensível Viraram as costas pro banquete Esses não provarão da minha mesa Que sentença terrível Há quanto tempo você tem ouvido O mar lhe chamar pra celebrar? Quanto tempo faz que você escuta a vida Convidando pro banquete da existência? Quantos guias lhe abriram o texto sagrado E lhe apresentaram a beleza da festa de Deus? Há quanto tempo você sabe sobre essa festa? Coloque-se nos sapatos do Grupo A e me diga Você tem virado as costas pra vida Pra o banquete de Deus? Qual foi a última vez Que você beijou sua esposa Como quem festeja a dádiva da vida? Qual foi a última vez Que você abriu a ports do quarto de seu filho No meio da noite Só pra ver ele respirar Como você fazia nos primeiros dias? Qual foi a última vez que você o ouviu Ouviu de verdade? É vida Agora ao nosso redor acontecendo Você tem celebrado esse banquete? Qual a última vez que você andou pela cidade E abraçando a dádiva da existência como um pobre Que foi recebido no palácio da festa de Deus? Talvez você diga Eu gostaria de celebrar o banquete de Deus A vida ao meu redor O convite eterno Mas comprei um terreno Meu trabalho me impede Comprei cinco juntas de boi A tecnologia me rouba de mim Ou ainda você diga Eu gostaria de me banquetear Com as disciplinas espirituais da oração Os sabores tão diversos da leitura das escrituras O culto público A missão da igreja Mas eu me casei Minha família toma muito o meu tempo Se esses sapatos do Grupo A lhe servem Abandone-os agora mesmo E decida celebrar o banquete de Deus Disponível por graça A todos nós que um dia estávamos longe Coloque-se agora nos sapatos do Grupo B Estes lhe servem muito bem Você é exatamente esse personagem na história geral Recebeu o convite pela graça Mesmo estando longe Senso brasileiro, estrangeiro Distante de Abraão Foi agregado no palácio Por meio de tantos guias que lhe trouxeram até aqui Ponha-se nesse lugar e agradeça a Deus Por ter lhe chamado Mesmo quando você não perguntava por Ele Nem queria a Sua graça Coloque-se agora nos sapatos dos guias Pelo amor de Deus Saia desse lugar de menino mimado Esperando que lhe sirvam o tempo todo Vá pelas ruas da cidade e traga Comprometa-se com os outros Pague a conta dos seus irmãos Carregue-os nos ombros Ele quer a sua casa cheia Sirva a Majestade Com essa mesma diligência dos guias dessa parábola Agora coloque-se nos sapatos do Grupo C Pense por um segundo O que é estar condenado por todos Vivendo no isolamento Distante de qualquer um que lhe possa socorrer Tenha misericórdia Tenha misericórdia daqueles que você tem chamado de inimigos Lembre-se que Deus fez as pazes com você E lhe chama de amigo Você que antes era inimigo de Deus Você agora é amigo Chame assim também os que um dia você ofendeu Odiou e condenou ao exílio Traz de volta Busque-os a força Coloque-os na mesa Essa é a escandalosa graça do evangelho É Cristo comendo peixe na praia Com seus amigos fujões e traidores Coloque-se nesses sapatos E por último Tem um par de sapatos Que você não deve colocar Nem experimentar Não chegue nem perto deles É os sapatos da majestade Você não tem o direito Você não tem o direito De dizer quem entra E de quem sai dessa festa Aqueles que o Pai chama de filho Você recebe como irmão