Tem vozes na sala, mas ninguém entrou O relógio parou, mas o tempo andou Meus passos ecoam no chão do vazio E cada pensamento é um grito sombrio Falam de mim, mesmo em silêncio Vejo rostos no teto, vejo o fim no espelho O mundo me pesa, me suga e me some E eu me pergunto: Será que ainda tenho nome? Quando eu me for Talvez o mundo respire em paz Talvez as paredes parem de sussurrar Quando eu me for Levarei a dor que ninguém quis ver Levarei os cacos que aprendi a esconder Escrevo bilhetes que rasgo depois Converso comigo, com mil eus sem voz Me escondo até de quem tenta ajudar Porque a mente mente, me faz duvidar Sinto um abismo dentro do peito Sinto que grito, mas ninguém tem jeito E se eu sorrio, é só disfarce O riso é o véu que o choro veste Quando eu me for Talvez o peso do mundo se vá Talvez meus fantasmas voltem pro mar Quando eu me for Vai sobrar só o eco no corredor E o vazio onde antes havia amor Não é drama, é só desabafo É tentar viver num corpo rasgado É pedir socorro com o olhar cansado E ninguém entender o que está quebrado Quando eu me for Não deixem flores, deixem silêncio É tudo que restou de mim por dentro Quando eu me for Que a noite me cubra sem julgamento Só me deixem partir Com o vento