Eles olham pra mim com olhos de medo Sussurram segredos que nunca contei Veem monstros nas sombras do meu próprio espelho Mas nunca enxergam o que eu já chorei Minhas mãos tremem sem ter tocado ninguém Meus passos ecoam num corredor sem fim E se eu fosse o mal que eles tanto temem Talvez ao menos fizesse sentido em mim Falam de mim como se eu fosse sentença Mas nunca perguntam se há dor na minha crença Dizem que enlouqueci Mas não ouvem o grito daqui E se eu fosse mal, como eles dizem? Se eu fosse o monstro das noites deles? Talvez parassem de fingir que se importam Talvez me deixassem afundar sem demora E se o mal fosse apenas meu jeito de pedir Um pouco de amor, antes de desistir? Ninguém entende o que não quer sentir E eu só queria existir As vozes falam quando o mundo silencia Me fazem companhia na minha agonia Se eu sorrio, acham que é loucura Se eu choro, é só mais uma fissura Me julgam por coisas que nunca provei Por pensamentos que nem mesmo sei Mas ninguém vê que o mal que eles temem É só o reflexo do bem que eu sufoquei Falam de mim como quem nunca errou Mas todos vestem máscaras, eu só tirei a minha dor Dizem que enlouqueci Mas sou eu quem vive aqui E se eu fosse mal, como eles dizem? Se eu fosse o erro que nunca redimem? Talvez encontrasse abrigo na loucura Pois a sanidade só me trouxe amargura E se o mal fosse só a forma de existir Num mundo que ensina a ferir e fugir? Eu só queria um pouco de ar pra fugir Ou um alguém pra me impedir Se o mal sou eu, então me deixem ser Melhor vilão do que um fantasma sem porque Eu já tentei ser luz, mas ninguém quis ver Agora só resta escurecer E se eu fosse mal, como eles dizem? Será que enfim eu teria um nome, um fim? Entre as grades da mente, minha cela é vazia Mas a culpa dos outros ainda me vigia E se o mal for só o grito de um coração? Talvez eu nunca tenha tido salvação Talvez o mal Seja a solidão