Deus, eu sei que Tu escutas Mas por que o silêncio grita mais? O quarto é um santuário de sombras E os ecos me chamam pra trás Os espelhos me olham chorando E eu converso com o vazio Tu me fizeste à Tua imagem Mas será que também criaste o frio? Pai, se sou Teu filho, por que tremo? Se sou amado, por que me escondo? Falam comigo vozes que eu temo Mas nenhuma delas vem do Teu mundo Diz que ainda me vês no escuro Diz que esse caos tem algum fim Ou será que fui esquecido Antes mesmo de existir em Ti? Deus, minha fé tá despedaçada Como vidro que nunca brilhou Me disseram que tudo tem um propósito Mas a dor nunca explicou Falo contigo em delírios Minha mente é um campo em guerra Me disseram que o céu é consolo Mas e se meu céu for essa terra? A cruz pesa mais na alma Quando ninguém vê teu pranto E eu te rezo com raiva e calma Misturado entre louvor e espanto Tu me amas? Diz de verdade Mesmo assim, torto e confuso assim? Ou só amas os que brilham E não aqueles que vivem no fim? Pai, se sou Teu, então responde Me resgata do que sou Se não há cura pros meus fantasmas Me dá ao menos Tua dor Pra saber que Tu também choras Pra sentir que estou aqui Mesmo quebrado, esquecido e louco Mas ainda falando… Com Ti Amém Se é que me ouves Amém Se ainda me vês Amém Mesmo que em pedaços Ainda sou Teu, meu Deus