As paredes me olham, querem conversar O chão range histórias que não quero escutar Um vulto me chama do fundo do espelho Diz que sou nada, que não tenho conselho Me escondo nas sombras do próprio pensar Meu nome ecoando sem ninguém pra chamar Na fresta da porta, um sussurro gelado Você está só E será sempre assim Caminho em círculos no quarto trancado O tempo me esquece, o mundo é nublado Sussurros no corredor, vozes que não cessam Me dizem verdades que ninguém confessa No espelho, um estranho me encara e sorri Será que sou eu? Ou já perdi de mim? Gritos calados dentro do peito Cada passo é um novo defeito E no silêncio que me devora A sanidade vai embora A lâmpada pisca, parece zombar Do pouco que resta pra me equilibrar Ouço meu nome dito ao contrário Meu coração pulsa como relicário Me disseram que tudo era ilusão Mas a dor é real, bate feito trovão Os remédios me apagam, mas não me curam Só fazem as vozes cantarem mais puras E a noite desce sem pedir licença Com ela, a ausência de qualquer crença Sussurros no corredor, vozes que não cessam Me dizem verdades que ninguém confessa No espelho, um estranho me encara e sorri Será que sou eu? Ou já perdi de mim? Gritos calados dentro do peito Cada passo é um novo defeito E no silêncio que me devora A sanidade vai embora Me disseram: Isso passa, mas nunca passou Um labirinto de mim mesmo que nunca cessou Eu choro por dentro, mas ninguém vê A loucura é invisível E fria como o amanhecer Sussurros no corredor, meu nome em lamento A mente em ruínas, o tempo em tormento No espelho, um abismo me olha e sorri E tudo que fui... Já não mora aqui E eu sigo Com medo de quem sou Sussurrando No corredor