Falando de rima em rima Seguindo de verso em verso Ando pelo universo Vou transportando mensagens Tantos fatos ocorridos Com certeza não são poucos Vou dizer um grande sufoco Que se deu nessas paragens É uma história verdadeira É real, é comovente Pois levou um inocente Sentar no bando dos réus Apenas por ter dinheiro Um grã-fino importante Tratou de modo humilhante Um catador de papel Lá pelas oito da noite No centro da capital Se julgando ser o tal O grã-fino em seu carrão Distraído em seus anseios Uma barbeiragem grossa Bateu em uma carroça De papel e papelão Já desceu com gestos rudes Desfez do trabalhador Que lutava com amor Pra defender seu sustento Quem mandou entrar na frente E atravessar meu caminho Já entendi direitinho Você não passa de um jumento A justiça é ligeira Vem de onde não se espera Trabalhador virou fera E desarmou o cidadão Tem riqueza e arrogância Mas porém enxerga mau É vaga pra especial Onde estou, preste atenção Minha vida é muito simples Não conheço nenhum luxo A carroça eu que puxo Com carinho e diretriz E ao falar da minha vida Nos meus olhos veja o brilho Pois tenho mulher e filhos E a gente é feliz Não entrei na sua frente Essa é a realidade Mas por não ter humildade Você me tratou assim Ninguém de nós é perfeito Pra isto estamos vivendo É errando e aprendendo Que a gente avança um pouquinho Esqueça e siga em frente Aperte minha mão bem forte Lhe desejo muita sorte Tenho mais o que fazer Me julgou ser empecilho No seu caminho escolhido Mas só carrego comigo Alegria de viver