Como dizia meu velho Rever uma tapera é voltar ao passado Hoje eu penso o mesmo Que não foi à esmo o velho ditado Fato que se deu comigo Ao rever um amigo lá da redondeza Quando em ruína avistei A casa que morei chorei de tristeza A roseira ainda florida Que mamãe em vida contente plantou O velho pé de limão Que de solidão foi murchando e secou A chaminé e as abelhas E a falta das telhas mostra o abandono A frondosa flamboaiã Todas as manhãs ainda chora seu dono Debaixo da goiabeira A velha carpideira encontrei no chão A coalheira e as correntes Me trouxe na mente o saudoso alazão O ferro San Floriano Que era do mano pra cortar arroz Na hora eu até sorri Mas saudade senti e chorei depois Num cantinho abaixado Com os olhos molhados fiquei recordando No caminho pra escola Do lado a sacola correndo e brincando Voltava ao meio-dia Com o Sol que frigia, mas eu não ligava No riozinho dos Ferreira Depois da porteira sem roupa eu nadava Depois da dura jornada Que era a enxada o resto do dia O Sol quente como brasas Saudade de casa às vezes batia Mas como todo o roceiro Tem por companheiro Jesus como guia Tudo então se ajeitava E à tarde voltava quando o Sol descia Revendo a beira da estrada Antiga morada que foi meu abrigo Voltei mesmo ao passado Como foi ditado por meu velho amigo Hoje ele foi embora Mas suas histórias foram registradas Do papai vou me lembrar Sempre que avistar uma casa abandonada