O lugar em que nasci, e passei a mocidade É um sítio lá na serra, bem distante da cidade Até hoje ali eu moro, com muita felicidade Só lembrança dos meus pais, é que traz muita saudade Vivo do trabalho bruto, sou um caboclo matuto Não carrego vaidade Eu sou caboclo da roça, morador lá do sertão Pele queimada de sol, e muito calo na mão Levanto de madrugada, seja inverno ou verão E saio batendo orvalho, pra cuidar da plantação Quando eu volto pra casa, já estão batendo as asas Os morcegos no Porão Nas noites de lua cheia, fica ainda mais bonito Eu saio lá no terreiro, fico olhando pro infinito Escuto de vez em quando, um barulho esquisito Lá na beira da floresta, o urutau tá dando um grito Já passou de seis e meia, vou acender a candeia Depois acendo o meu pito Cada um tem o seu gosto, gosto de viver assim Eu tomo banho no rio, durmo em colchão de capim Meu remédio é chá de erva, da floresta e do jardim O carijó me avisa, quando a noite chega ao fim De mais nada eu preciso, este sítio é um paraíso Que Deus reservou pra mim