O sangue é ceiva que me singra em cevaduras Águas de mate, tardes mornas pro descanso É corredeira de saudade aguas puras Que às vezes brinca sobre a paz de algum remanso O sangue, a sanga sinuosa que me ajuda A decifrar muito de mim sem me falar Filete d’água que por vezes se transmuda E vai salgado me fugindo pelo olhar O sangue é lava que me leva e que me ateia Vulcões antigos que carrego adormecidos O sangue é lava que me escorre pelas veias Varrendo toda a lividez dos meus sentidos Por vezes calma de sanga Por vezes fúria de enchente Vermelho rio que corre Nas veias da minha gente É procedência continuarmos descendentes Eterna fonte a transcender vida e razão Um rio oculto que se espalha em afluentes E então renasce pra pulsar no coração O sangue é o velho maragato que atropela Desde as batalhas ancestrais que ainda trago Lenço encarnado de avoengas aquarelas Na formação existencial do nosso pago O sangue é lava que me leva e que me ateia Vulcões antigos que carrego adormecidos O sangue é lava que me escorre pelas veias Varrendo toda a lividez dos meus sentidos Por vezes calma de sanga Por vezes fúria de enchente Vermelho rio que corre Nas veias da minha gente