Quando se morre um poema Nas penas de um colibri Se enterra cantiga extrema a sete palmos de si Ficará tão leve a pena no bico de um sabiá Sobre uma luz de verbena em sombra de cambará Seca a raiz de um fonema E a frase perde humildade Quando se morre um poema Brota em cima uma saudade Voará de uma gaveta como breve duradouro Um bando de borboletas nalguma cova de touro Ficarão rastros no mato Riscos de esporas na rua Se o verso é auto-retrato Pinta o varzedo de Lua Que fique o Sol escorrendo sobre o canto da siriema Volta um grito amanhecendo quando se morre um poema Seca a raiz de um fonema E a frase perde humidade Quando se morre um poema Brota em cima uma saudade Que fique o Sol escorrendo sobre o canto da siriema Volta um grito amanhecendo quando se morre um poema