Essa orquestra de calibres baixos Vem desenhando partituras na cabeça dos irmãos A depender do bairro onde se nasce e morre Se sentir dor, ou dor das flores Se falam em dente-de-leão A associação dos poetas armados Que pelo alto sons dos tiros Não ouvem suas poesias Quando o policial nos mata e forja o nosso golpe É o jeitinho brasileiro de desenhar a guerra fria Psicologia dos corpos sem cérebro Onde o assunto é sempre a causa E o fim da vida, é sempre a cláusula A especulação imobiliária age nos necrotérios E é tão comum esse endereço, que o subúrbio se sente em casa Eutanásia institucional, nos aplicam o soro da inércia Vidas que só existe na internet E nós, queremos Nike, status, porches, money Mas sem um sobrenome gringo Nem mesmo possuimos nomes Isso não é um disco, é um produto Ligando bairros a um viaduto, um diamante bruto Dentro de uma lixeira lapidada, é a mãe do nada, é uma fábula É um livro com um espelho dentro, quem lê, sempre tá no centro Se nos atinge, é sentimento