Notícias de longe invadem-me a tela Daqui vejo o mundo ser ir à janela Lá fora tá sempre tudo igual Em outro lugar, mais uma tragédia Aqui do sofá, no meu celular, eu sinto como se estivesse lá Mas não enxergo tudo o que se passa a minha volta Na esquina uma família se esconde do frio Frente ao restaurante dormem de estômago vazio A favela ali do lado a polícia invadiu Morreram três inocentes, só que ninguém viu Homem negro assassinado é manchete no Rio Por engano com 80 tiros de fuzil Nada disso surpreende, é normal, nunca viu? Nunca houve amor nem na bandeira do Brasil Tantas mortes por semana que eu nem sei contar E as notícias se repetem pra anestesiar Sangue pardo, sangue índio, sangue sarará Há quem morra pelo simples direito de amar Genocídio Yanomami por desnutrição No país da impunidade e da corrupção Latifúndio, gado e soja pra exportação Fome pra milhões de filhos desse mesmo chão Não, não, não Tira os olhos da luneta, volta a enxergar Onde começa o planeta é onde você tá! Tira os olhos da luneta, volta a enxergar Onde começa o planeta é onde você tá! Tira os olhos da luneta Tira os olhos da luneta!