Sei da bondade tamanha, do teu coração sereno Que tinha o sangue que tenho, e de muitos que conheço Fecho meus olhos e vejo, teu olhos num quadro antigo -Tenho sonhado contigo, por noites que adormeço! Sei de ti, porque me contam do teu sorriso bonito Da alegria com todos que iam te visitar Do carinho que guardavas na despensa bem fechada Compotas e marmeladas, que colhias no pomar Dos tardes e pães de forno com aroma de saudade Parece que sinto o gosto, no pão nosso de hoje em dia Tuas receitas escritas, com ternuras e medidas Povoam folhas relidas, dos livros das minhas tias Por um Valério sonhavas, aos olhos das Cordilheiras Que às vezes, tenho a imagem de te ver numa janela Esperando ele chegar, num tordilho, pela estrada Numa lembrança inventada, de quem nunca teve ela Meu sentimento é pequeno, frente à saudade que tenho Dos teus olhos maternais, que sabiam do que for! Não tive ele nos meus, mas minha mãe também tem E volta e meia me vem, me olhar com o mesmo amor Qual herança de família, nos deixou ensinamentos Que hoje, agradeço ao tempo, tudo que a vida me deu Te entrego este meu verso, de saudades incompleto E este meu amor de neto, que sequer, te conheceu!