Não houve tempo do galo Despertar esta manhã Pois lá no açude o tajã Deu o toque de alvorada Prenúncio da clarinada Que rompe a barra do dia Orquestrando a sinfonia No pico da passarada Um bem-te-vi abre o peito No batismo do seu nome O sabiá matando a fome Canta lá da pitangueira Cá no pé da laranjeira Num porongo, o canarinho A curruíra fez o ninho Dos gravetos da lenheira A essência do meu canto É a mesma do passaredo Que enfrenta o próprio medo Cantando suas verdades Nas asas da liberdade Canto igual ao passarinho Que por não voar sozinho Retoma sempre a coragem! A calhandra ao derredor Arremeda o cardeal Diferentes do urutau Cantam só na luz do dia Porém tudo silencia No olhar do quiriquiri Se aparece por aqui Todos se vão a la cria Vai cantando o João barreiro Sobre o rancho na tronqueira A coruja buraqueira No pedestal do moirão Musicando uma canção Gorjeiam sua ladainha Porque só uma andorinha Sozinha não faz verão!